É comum se afirmar que no 
Brasil não temos terremotos de grande intensidade, mas um moderno estudo
 associado a relatos históricos mostra que já tivemos um evento que 
chegou a 7 magnitudes, produzindo um forte tsunami que inverteu o 
sentido de vários rios. 
O estudo, publicado recentemente nos Anais da Academia Brasileira de 
Ciências, afirma que este poderoso terremoto ocorreu em junho de 1690 
nas proximidades de Manaus, quando a cidade não passava de um 
ajuntamento de poucas cabanas cobertas por palha.  
De acordo com o autor da estudo, cientista Alberto Veloso, ligado à 
Universidade Nacional de Brasília, este tremor teve seu epicentro 
localizado na margem esquerda do rio Amazonas, aproximadamente 45km 
abaixo da cidade de Manaus. De acordo com o professor, o sismo foi tão 
intenso que foi sentido em uma área superior a 2 milhões de km2. 
Tsunami no Amazonas:
 
Segundo
 Veloso, o intenso abalo produziu severos danos no terreno e produziu 
ondas no rio Amazonas que criaram um pequeno tsunami que inundou as 
aldeias indígenas nas margens do rio Urubu.
Apesar de ser um evento 
bastante raro, ele sinaliza que tremores parecidos podem ocorrer em 
outras regiões do Brasil resultando em acontecimentos trágicos, 
especialmente em áreas urbanas.
  
E no mar:
Ao que tudo indica, a costa de São Paulo já foi atingida por um grande 
maremoto que devastou a cidade de São Vicente. Isso aconteceu em 1541 e 
devastou a vila construída por Martim Afonso. Até hoje os pesquisadores 
não sabem ao certo o que causou o tsunami, mas como os europeus já 
estavam aqui, diversos documentos históricos registram o evento.
  
Liquefação:
 
Voltando a comentar sobre o Tsunami no Amazonas: 
O 
estudo de Veloso indica que na área epicentral o chão foi completamente 
revirado. Partes do solo subiram, outras desceram e muitas encostas 
escorregaram. 
No entender do cientista, esses efeitos se devem ao fenômeno conhecido  
como liquefação, que é a passagem do estado sólido para o líquido, 
quando rochas saturadas de água perdem a rigidez pela intensa vibração 
sísmica.
"Não existe nada similar em nossa história. Esse evento foi 
percebido a mais de mil quilômetros do epicentro e é sem dúvida o maior 
terremoto brasileiro", afirma Veloso, criador do Observatório 
Sismológico de Brasília. "As águas do Amazonas balançaram de forma 
incomum, com tanta força que inverteu o fluxo do rio Urubu, inundando as
 aldeias a cerca de 5 km de sua foz", completou.
O estudo de Veloso é 
alicerçado em relatos dos padres jesuítas Samuel Fritz e Felippe 
Betendorf, que visitaram em épocas distintas a região epicentral e 
conversaram com testemunhas dos fatos.
 Lições:
Que ensinamentos devemos tirar do raro e perigoso 
tremor? Primeiramente a de que o Brasil não está imune a sismos fortes e
 potencialmente danosos. Há cerca de 300 anos não se falou de prejuízos 
materiais ou de vítimas fatais, mas hoje não seria assim.
Aquela região se desenvolveu e há maior exposição de pessoas, de 
construções e de importantes infraestruturas que não foram desenhadas 
para resistir a sismos fortes. 
 Megaterremoto no Brasil:
Para Veloso, tremores parecidos 
com o de 1690 poderão repetir-se, não somente na Amazônia, mas em 
qualquer outra região brasileira. 
Estima-se que um sismo de magnitude 7 aconteça no Brasil a cada 500 anos
 e um tremor de 5 magnitudes, cada cinco anos, aproximadamente. 
Mesmo os  abalos menores podem fazer estragos em construções frágeis, 
comuns pelo país afora. Em 1986 um abalo de 5.1 danificou cerca de 4.500
 construções e desabrigou mais de 25 mil pessoas em João Câmara, RN. Já 
tivemos tremores de 6.1 e 6.2 que só não causaram danos importantes por 
terem epicentros em áreas despovoadas. 
Fonte:  





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