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Módulo Philae detecta moléculas orgânicas no Cometa 67P/C-G


Superfície do cometa 67P/C-G fotografada pela sonda Rosetta a uma distância de 130 km. Cada pixel dessa imagem corresponde a 2,4 metros na superfície do cometa. (Crédito: ESA)

Após alguns quiques e seu pouso final no cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, ou apenas 67P/C-G, o módulo Philae funcionou por cerca de 60 horas antes de ser temporariamente suspenso. Sua posição final foi inconveniente, porque o atrapalhou de receber luz do Sol para recarregar suas baterias. Ele está numa inclinação bastante íngreme na borda de uma depressão na superfície do cometa.

A equipe responsável pela missão ainda conseguiu movê-lo um pouco mas, mesmo assim, o módulo foi colocado em hibernação. É possível que após março de 2015, quando o cometa estará posicionado de maneira mais conveniente, o pequeno Philae seja suficientemente iluminado novamente e possa ser trazido de volta à ativa, com seus painéis solares gerando a energia necessária para seu funcionamento.

Mas nessas 60 horas de funcionamento muita coisa foi feita. Fotos da superfície foram tiradas pela sonda Rosetta, que carregou Philae até seu lançamento para o cometa, e análises químicas feitas por um pequeno laboratório na própria sonda que pousou gerou um grande volume de dados que será estudado nos próximos anos. Apesar do local final de pouso não ter sido exatamente o esperado, a missão pode sem sombra de dúvida ser considerada um sucesso.

Entre os resultados que aguardam a devida análise de cientistas, está a detecção de moléculas orgânicas, ou seja, moléculas que possuem um ou mais átomos de carbono em sua composição.

Isso não é exatamente uma novidade, pois a Rosetta já havia detectado metano e metanol, ambas orgânicas, mas agora a detecção de novas moléculas foi feita diretamente na superfície.
Ainda não sabemos exatamente quais moléculas foram detectadas pela Philae, e temos que ter em mente que nem toda molécula orgânica tem alguma coisa a ver com a origem de vida. 

Mas a presença de substâncias com carbono nos cometas reforça a ideia de que esses objetos foram os responsáveis por trazer à Terra (e certamente a outros lugares do Sistema Solar) os ingredientes básicos para a vida, como aminoácidos. Esse possível cenário para a origem da vida é conhecido como panspermia, a ideia de que em vez dos ingredientes fundamentais para a vida terem se desenvolvido na Terra, eles teriam sido trazidos do espaço e espalhados por outros lugares também.

Mesmo antes da Rosetta se aproximar do 67P/C-G, detecção de moléculas orgânicas em cometa já havia sido feita aqui da Terra pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array, o ALMA, localizado no Chile, através do estudo de imagens das comas dos cometas C/2012 S1 e S/2012 F6, também conhecidos como ISON e Lemmon.

Imagem do cometa ISON, onde o ALMA detectou a presença de moléculas orgânicas (Crédito: ALMA)


Imagem do cometa Lemmon, onde o ALMA detectou a presença de moléculas orgânicas (Crédito: ALMA)

O jornal The Washington Post publicou um post intitulado “No, it’s not a big deal that Philae found ‘organic molecules’ on a comet” (tradução: não, não é grande coisa que a Philae encontrou ‘moléculas orgânicas’ em um cometa – veja o artigo original, em inglês, aqui), onde alerta para a cautela necessária com a notícia, pois, o fato de uma molécula ser orgânica não significa necessariamente que tenha algo a ver com a vida.

Mas a importância dessa detecção da Philae não está no fato de serem essas moléculas necessárias para a vida ou não. Está no fato de estarmos confirmando a abundância de moléculas orgânicas nos cometas e reforçando a ideia da panspermia. Ainda que não seja feita a detecção direta de compostos como aminoácidos, por exemplo, detectar vários outros tipos de moléculas orgânicas nos mostra que podemos estar na direção certa.

Fonte:  AstroPT

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