5. Você precisa se exercitar constantemente (senão corre o risco de desmaiar)
É de se esperar que uma certa quantidade de exercício físico seja necessário para compensar
a falta de gravidade do ambiente. O detalhe é que, além de você ser
capaz de levantar facilmente os halteres gigantescos que só os caras
mais bombados da academia conseguem (lembre-se: não há gravidade, então
as coisas não “pesam” nada), você vai ter que se exercitar várias horas
por dia. Sempre. E você não tem escolha.
Há duas razões por
trás disso. A primeira e mais evidente delas é evitar que seus músculos e
ossos fiquem quebradiços e se transformem em uma papa amorfa devido à
ausência da gravidade. O outro motivo é um fenômeno maluco chamado
intolerância ortostática. Essa é uma novidade para muita gente.
Na Terra, essa é a razão pela qual, por vezes, sentimos uma tontura
quando nos levantamos muito depressa. Fora do nosso planeta, se torna um
dos principais motivos para você e seu estilo de vida sedentário
odiarem o espaço. Seu corpo é normalmente capaz de lidar com a
intolerância ortostática, elevando a sua frequência cardíaca e pressão
arterial até que você se recomponha. Entretanto, no espaço, seu coração
não colabora muito.
Percebendo que não precisa mais lutar
contra a gravidade, como está acostumado aqui embaixo, ele fica mais
preguiçoso e bate cada vez menos e de maneira mais fraca – e,
consequentemente, sua pressão arterial cai. Resultado: você vai
desmaiar. Repetidas vezes.
Seu único remédio? Fazer MUITO
exercício. O ideal recomendado aos astronautas é que malhem durante duas
horas e meia, todos os dias em que estiverem em órbita. E não estamos
falando de exercícios divertidos com aquela mini cama elástica, bolas
grandes e coloridas ou qualquer outro adereço que possa desviar sua
atenção do exercício em si.
Os viajantes espaciais precisam
passar esse tempo todo amarrados em uma das três engenhocas disponíveis
(um circuito de academia, uma esteira ou um combinado espacial digno de
Chuck Norris, chamado ARED). Tudo isso, lembre-se, em uma salinha
minúscula, sem uma ampla janela na sua frente, tampouco com uma leve
brisa soprando – e cheio de cabos ligados ao seu corpo para que não
saiam voando no meio da série.
E todo esse esforço não será
recompensado com uma barriga de tanquinho – os únicos prêmios que os
astronautas recebem após tanto esforço são o privilégio de manter a
consciência ininterruptamente e a capacidade de evitar que seu corpo se
desmanche como uma massa de uma empada assim que retornem ao campo de
gravidade da Terra.
4. Você vai voltar mais alto (e isso será incrivelmente doloroso)
A maioria das pessoas que você conhece não se importaria de se tornar um pouco mais altas, certo? Pois
bem, avise a elas que isso pode ser feito. Se por acaso acontecer de
elas e você se aventurarem no espaço, logo terão uma agradável surpresa:
um surto de crescimento induzido pela falta de gravidade aumentará a
sua altura em cerca de 4 a 6 centímetros. E quando dizemos “agradável”,
por favor entenda “terrivelmente doloroso e deformante”. Afinal, o que
está acontecendo, basicamente, é que seus nervos em sua coluna estão
sendo esticados.
Normalmente, a medula espinhal humana permite
que o nosso cérebro se comunique rapidamente com qualquer parte do
corpo. Porém, qualquer situação incomum que altere essa configuração
natural (como estar no espaço sideral, por exemplo) tende a produzir
dificuldades.
Os discos intervertebrais que amortecem a coluna
dos efeitos da gravidade subitamente se tornam inúteis. Logo, suas
vértebras começam a se afastar preguiçosamente umas das outras, deixando
a estrutura da coluna vertebral cada vez mais alongada.
A boa
notícia é que você fica, de fato, mais alto, pelo menos enquanto estiver
em um ambiente de microgravidade. A má notícia é que você provavelmente
experimentará uma dor crônica nas costas, uma vez que sua coluna, assim
como seus nervos, será constantemente esticada como um acordeão. Além
disso, seus nervos também correrão grande perigo de serem danificados.
E imagine o que acontece quando você finalmente desembarcar de volta em
um planeta dotado de campo de gravidade. Sua espinha, deformada devido
ao tempo que você passou fora da Terra, terá que aguentar o baque
causado por suas vértebras, que tentarão se reajustar ali dentro – como
um elástico que é esticado e depois solto – após a liberdade excessiva
que a falta de gravidade lhes proporcionou. Em seu processo de
readaptação à Terra, você também correrá sérios riscos de sofrer com
hérnia de disco.
3. A radiação afeta seus olhos
Os astronautas a bordo dos primeiros voos
espaciais ficaram confusos e assustados devido a misteriosos raios de
luz que eles notaram enquanto estavam em
órbita. “Grande coisa”, você pode pensar, eles estavam no espaço
sideral, deve haver uma gigantesca quantidade de coisas estranhas
acontecendo por lá. Talvez fosse um raio de luz solar refletindo em um
satélite, algum fragmento brilhante de um meteoro ou apenas uma nave
alienígena curiosa.
Havia apenas um problema: aquelas luzes
estranhas nunca ocorriam quando eles estavam realmente olhando para
algum lugar – esses flashes brilhantes eram visíveis apenas com os olhos
fechados. Sim, no espaço, você tem a sua própria discoteca particular
na sua cabeça. Além disso, você provavelmente vai pensar que está
ficando louco toda vez que der uma piscada um pouco mais demorada.
Cientificamente, este curioso espetáculo de luz é causado por
partículas altamente carregadas (ou seja, radiação) que viajam
livremente pelo espaço – até encontrarem sua retina e irem diretamente
na direção (e através) dela. Como as partículas radioativas atingem seu
olho em grande velocidade, elas enganam seu cérebro para que ele pense
que você está vendo luzes.
A blindagem magnética benevolente da
Terra nos protege da maioria da matéria elétrica que o sol lança
constantemente em nós. Portanto, nós não desfrutamos de um show
pirotécnico psicodélico a cada vez que piscamos aqui na Terra. No
espaço, por outro lado, não há nenhum nível de proteção magnética, de
modo que os olhos de quem se aventura por aquelas bandas precisam lidar
com toda a fúria penetrante do sol.
À primeira vista, estas
luzes podem parecer apenas um inconveniente. Mas depois, principalmente
perto do seu primeiro turno de dormir, a realidade bate à sua porta:
como diabos você vai conseguir pegar no sono quando o interior de suas
pálpebras parecer mais que um show de luzes.
Seus problemas,
claro, não terminam por aí. O espaço é um bastardo vingativo que também
deseja te sacanear a longo prazo. A penetração da radiação constante
realmente provoca dano estrutural aos tecidos delicados de seus olhos, o
que pode causar prejuízos permanentes à sua visão caso você fique mais
de um mês sob essas condições.
2. Você sente seu nariz sempre entupido e precisa desesperadamente de comida picante
Os alimentos preparados especialmente para os astronautas sempre tiveram um aspecto
pastoso entre comidas de verdade e refeições em pílulas. Felizmente, as
coisas evoluíram bastante ao longo do tempo nesse campo. Tanto que,
hoje em dia, você pode se deliciar nas alturas com alimentos como barras
de bacon e coquetel de camarão.
Porém, você não será capaz de
provar qualquer uma dessas comidas a menos que você adicione molho
picante ou o tempero japonês wasabi, porque o espaço arruína a sua
capacidade de sentir o gosto das comidas.
Os fluidos do corpo
humano ficam um pouco malucos quando se está em um ambiente de
microgravidade. Eles tendem a se aventurar por locais desconhecidos do
organismo e explorar cavidades inéditas. As regiões do corpo com a maior
quantidade de cavidades prontas para receberem esses fluidos
desbravadores são a cabeça e o tronco. Consequência? A cabeça do
viajante espacial incha, assim como a parte superior do corpo como um
todo, dando a impressão de que os astronautas de repente começaram a
tomar esteroides.
Um efeito colateral prático deste inchaço é
que a sua versão espacial passa a sofrer de congestão nasal constante. E
já que a gravidade não é capaz de manter seu ranho no lugar onde ele
pertence, você acaba com a cabeça cheio de muco, o que te dá a impressão
de estar sempre doente, mesmo quando você está saudável (até porque, se
você realmente estiver doente, estará em sérios apuros).
A
única solução para aliviar esse sentimento incômodo é a sensação ardente
da comida picante. Acredita-se que a pimenta é o único alimento capaz
de obstruir a cavidade nasal, devolvendo aos astronautas a capacidade de
sentir os aromas das comidas que eles ingerem.
É por isso que
alimentos picantes são tão valiosos a bordo da Estação Espacial
Internacional. A situação é tão desesperadora que a astronauta Peggy
Whitson uma vez “brincou” de ameaçar impedir a entrada de um ônibus
espacial visitante a menos que seus colegas levassem alimentos picantes
como presente.
1. Se você ficar doente, você estará perdido
Os astronautas, os poucos sortudos que têm a chance de fugir do nosso nobre planeta, o primeiro passo para a sua preparação
é… ficar isolado em quarentena. Isso se justifica porque você
certamente não vai querer levar todas as nossas doenças aqui da Terra
com você para o grande além – onde, aliás, até mesmo os mais inofensivos
micróbios tendem a adquirir uma força, digamos assim, galáctica.
Você não pode correr riscos, uma vez que as bactérias com as quais
estamos acostumadas se transformam em criaturas totalmente diferentes lá
fora. Uma infecção bacteriana no espaço levará seu corpo a responder
drasticamente reduzindo, de forma automática, a imunidade de seu
organismo, o que, no final das contas, não será nem sombra de como era
na Terra.
Esta não é apenas mais uma situação de “você
provavelmente terá um pouco de tosse” – é realmente grave. Experimentos
de laboratório com salmonelas mutantes do espaço mostram que as
bactérias podem infectar camundongos (e, presumivelmente, seres humanos)
com três vezes mais eficiência em um ambiente de microgravidade em
comparação com uma infecção aqui na Terra.
E isso que a
experiência utilizou camundongos com o sistema imunológico perfeito,
apresentado no nível da Terra – não se pode afirmar o que aconteceria se
a salmonela alienígena contaminasse um organismo já debilitado e com a
capacidade de lutar contra intrusos devastada após algum tempo em
órbita.
Pior: os medicamentos espaciais são praticamente
inúteis. Remédios e vacinas também têm a tendência de perder sua
potência fora do nosso planeta.
Ou seja, se você ficar doente lá fora, você estará perdido. No espaço.
Fonte: Hypescience
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