Uma
das questões fundamentais com que qualquer pessoa se depara é a da
razão de estar vivo, de existir. Na Ciência, sendo um conhecimento
de todos, procura-se entender a razão de todos nós existirmos.
Darwin deu uma ajuda: Evoluímos de outros seres. Mas, se sabemos que
a Terra nem sempre existiu, isto implica que a vida neste planeta
tenha tido um começo.
Pegando
novamente na Teoria do Evolucionismo consegue-se perceber que se os
organismos são sempre mais complexos, então o começo deverá ter
acontecido da transição do “não ter vida” para o “organismo
mais simples, primordial e fundamental”. Depois de identificadas as
“peças” essenciais da vida, deveria bastar reconhecer as
moléculas que as constituem e determinar as condições necessárias
para transformar essas moléculas, nessas “peças”.
Apesar
de haver várias teorias que tentam explicar essa transformação, a
verdade é que nenhuma foi confirmada em laboratório. Sendo assim
impõe-se a questão: Será que esta incompreensão não se deve a
alguma razão que nos transcenda? Essa razão pode ser simplesmente
uma condição com a qual nunca nos deparamos, por não ocorrer neste
planeta, mas, num outro planeta distante. E é com esta hipótese que
podemos chegar à Teoria da Panspermia: A
vida terrestre pode ter origem extraterrestre.
Essa
teoria diz que a vida existe no cosmos e ela é distribuída entre os
planetas, as estrelas, e até mesmo as galáxias por asteroides,
cometas, meteoros e planetoides.
Desse
modo, a vida surgiu na Terra há cerca de 4 bilhões de anos atrás,
após micro-organismos aqui chegarem de carona em rochas espaciais
que se chocaram com o nosso planeta.
Durante
muitos anos, muitos trabalhos foram feitos demonstrando que vários
aspectos dessa teoria funcionam muito bem. E em Dezembro de 2017 mais
um foi publicado.
Esse
estudo feito por pesquisadores da Universidade de Edimburgo mostrou
que fluxos de poeira interestelar se movendo rapidamente e que
continuamente bombardeiam nosso planeta poderiam carregar pequenos
organismos de mundos distantes, ou enviar organismos terrestres para
outros planetas.
Esse
estudo mostra também que não só grandes impactos de bólides com o
planeta poderiam trazer a vida, mas pequenas partículas também
seriam responsáveis por semear a vida pelo universo.
Os
pesquisadores calcularam como fluxos poderosos de poeira espacial, se
movendo a uma velocidade de 70 km/s poderiam colidir com as
partículas no nosso sistema atmosférico.
A
uma altura de 150 km, as partículas ali existentes seriam atingidas
e escapariam da atração gravitacional da Terra podendo assim ir de
carona/boleia com a poeira espacial e eventualmente chegar a outros
planetas.
Alguns
tipos de bactérias, plantas e pequenos animais chamados de
Tardígrados são capazes de sobreviver no espaço, e desse modo,
esses organismos poderiam, se presentes na alta atmosfera da Terra,
serem carregados para outros planetas.
Essa
teoria é muito interessante, já que esses fluxos de poeira espacial
seriam até mais fáceis de acontecer em outros sistemas do que os
grandes impactos de asteroides.
Anaxágoras
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Porém, esta ideia de Panpersmia não é nova: Anaxágoras, 500 A.C., já a tinha proposto (Em grego PAN = TOTAL, e SPERMA = SEMENTE). Mas, só voltou a ser considerada e estudada novamente a partir do
século XVIII, com Benoît de Maillet (1743), Jöns Jacob Berzelius
(1834), Kelvin (1871), Hermann von Helmholtz (1879), Svante Arrhenius
(1903) e muitos outros, posteriormente.
E
como você pode notar, esta teoria não assume apenas a possibilidade
de que a Terra tenha sido “contaminada” com vida. O mesmo é
igualmente plausível para qualquer outro planeta, a diferença é
que nem todos os planetas têm condições para receber a vida.
Mais
importante do que isso, a teoria divide-se em duas hipóteses distintas:
ou supõe que a vida transportada teve início num dado planeta, ou
então supõe que estas “sementes da vida” sempre existiram no
universo. É claro que esta última possibilidade tem perdido
adeptos, pois é uma hipótese impossível quando assumimos que a
Teoria do Big Bang é verdadeira, ou seja, se o universo não é
eterno, então tal implica que qualquer coisa dentro dele também
tenha tido um princípio, como tal a vida não podia “existir desde
sempre”.
“Mas
afinal: Há provas que confirmem a teoria?”
Provas
irrefutáveis e incontornáveis não há, e eu acho que vai continuar
assim. Existem fatos de que os micro-organismos que conseguem sobreviver
milhões de anos num estado inativo (como que uma hibernação),
conseguem voltar ao estado metabolicamente ativo quando encontram as
condições necessárias para isso. Existem fortes evidências de que
no sistema solar, noutros planetas e luas, tenha havido condições
favoráveis à vida (ou até mesmo que ainda haja).
A
probabilidade de haver vida noutros locais do universo é atualmente
considerada quase pela unanimidade dos cientistas de ser
suficientemente elevada para podermos dizer: “Não estamos
sozinhos.”, pela enorme quantidade de galáxias e estrelas que tem no
Universo observável.
E,
por fim, talvez possamos assumir que dado o número de possibilidades
sob investigação de “sementes da vida” (meteoritos com supostos
micro-organismos extraterrestres), é plausível assumir que a Teoria
da Panspermia é viável, no entanto, não devemos esquecer que a
maioria destes estudos têm dado resultados inconclusivos, bem como
outros nos mostram que, por exemplo, dificilmente uma bactéria num
meteorito sobreviveria ao impacto com a Terra (supondo que o
meteorito não é pulverizado só com a entrada na atmosfera). Por
outro lado, mesmo que seja possível a disseminação da vida no
universo habitável pelos meios que a Teoria da Panspermia refere,
tal não implica que isso tenha acontecido na Terra!
Francis
Crick e Leslie Orgel. (1993)
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A
título de curiosidade, em 1973, Francis Crick e Leslie Orgel
sugeriram uma variante a esta teoria, chamaram-lhe: Panspermia
Direta. Direta, porque seria induzida, não seria um acaso! Ou seja,
esta teoria formula a hipótese de uma civilização extraterrestre
avançada ter tido o intento de espalhar a vida pelo universo,
enviando para todos os lado as “sementes da vida”.
(Vídeo do Space Today sobre a Panspermia Galáctica - Poeira espacial pode transportar a vida)
Fontes:
AstroPt , Phys.org , Universe
Today , Artigo Científico
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