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Retrospectiva 2020


Por muitas razões, 2020 foi um ano decisivo para a sociedade e para a ciência. Astrônomos e agências espaciais passaram o ano gerenciando as repercussões da pandemia do coronavírus. Eles também fizeram descobertas em novas tecnologias e se despediram de vários projetos importantes. 

Este ano viu uma nova era de missões de recuperação de amostras, protestos contra um telescópio, uma visita incrível de um cometa deslumbrante e a "grande conjunção" de Saturno e Júpiter. 

Portanto, aqui no Blog da Tsu Universo estarão a nossa retrospectiva das histórias espaciais de 2020! 😀👍


Janeiro:


Estes protestos ganharam força no começo do ano. Os havaianos nativos chamados kia'i, ou protetores, fizeram seus protestos contra a construção do Thirty Meter Telescope (TMT) de 160 pés de altura (49 metros). O TMT surgiu no papel em 2003, quando uma parceria sem fins lucrativos foi formada entre duas universidades da Califórnia e contrapartes no Japão, China, Índia e Canadá. 

Os kia'i formaram um acampamento para protestar contra o início da construção no final de 2019. Eles argumentam que aquele é um local religioso e sagrado para os havaianos nativos e o TMT seria uma nova adição maciça ao cume, que já é povoado por cerca de uma dúzia de observatórios astronômicos, até o momento eles conseguiram paralisar as obras.


Janeiro:


Em 30 de janeiro, o Telescópio Espacial Spitzer da NASA ficou offline depois de passar mais de 16 anos fazendo observações do universo. A equipe da missão colocou a espaçonave em hibernação permanente para encerrar a missão; os membros da equipe acreditam que a espaçonave acabará se quebrando em um campo de destroços futuramente. 

A ex-gerente de projetos do Spitzer, Suzanne Dodd, disse em um painel no dia 23 de janeiro sobre o telescópio, que ele havia descoberto uma "cornucópia", ou seja, uma abundância de detalhes cósmicos.  

O Spitzer coletou dados usando uma técnica chamada espectroscopia. Isso permitiu aos cientistas estudar o universo usando a parte infravermelha do espectro eletromagnético. Os cientistas usaram os dados infravermelhos para aprender sobre a poeira espacial e as partículas que não brilham na luz visível como as estrelas, fornecendo assim uma imagem mais completa do universo.


Fevereiro:


Uma nova missão solar da Agência Espacial Europeia (ESA) e da NASA foi lançada ao espaço. A missão Solar Orbiter foi projetada para estudar o Sol de perto para entender a bolha que envolve o nosso sistema solar.

O Sol influencia uma região do espaço chamada heliosfera. O sistema solar está dentro dele, e além desta região está o espaço interestelar. Para entender a heliosfera, o Solar Orbiter examinará de perto as regiões polares do Sol. O escudo térmico inovador da missão pode suportar temperaturas de até 520°C.



Março:


A pandemia do coronavírus afetou muitos setores da astronomia e dos voos espaciais. Universidades, agências espaciais e projetos em andamento se adaptaram para lidar com a nova realidade à medida que países em todo o mundo tomavam medidas para prevenir a propagação da doença respiratória COVID-19. As salas de aula se tornaram virtuais, as conferências astronômicas mudaram de formato e as instituições de ensino superior se prepararam para os problemas financeiros causados ​​pelo efeito do vírus na economia. 

As medidas de distanciamento social afetaram o campo de muitas maneiras. Agências espaciais como a NASA ordenaram que seus funcionários trabalhassem de casa. Projetos como o Event Horizon Telescope, que capturou a primeira foto de um buraco negro, cancelou as suas observações em 2020. Os satélites continuaram suas observações, mostrando ruas desertas e mudanças de curto prazo nas emissões causadas pela atividade humana. Movimentos sociais como os protestos contra a construção do Telescópio dos Trinta Metros no Havaí também pararam para manter os idosos da comunidade protegidos da doença. 

As naves espaciais como a missão OSIRIS-REx de coleta de amostras de asteroides da NASA também tiveram que atrasar a sua manobra mais importante - a recuperação de material do asteroide Bennu - por causa das limitações causadas pelos esforços de mitigação de vírus na Terra. 

A natureza contagiosa e mortal do vírus era evidente para as agências espaciais.


Junho:


Em 21 de Junho, um eclipse solar foi conhecido como um eclipse anular, no qual a Lua não cobre completamente o Sol ao passar entre a própria estrela e a Terra, sendo visto a partir do solo em nosso planeta. 🔥🌞

O horário máximo do eclipse, quando o evento "anel de fogo" aconteceu foi às 03h40, no horário de Brasília. 😀 

O eclipse começou às 00h45 e terminou às 06h34 da manhã, no horário de Brasília. 🇧🇷

As regiões no caminho da visibilidade passou por regiões da África e da Ásia.


Julho:


Tivemos 4 eclipses Penumbrais da Lua em 2020, mas, apenas em 5 de Julho foi o melhor visto a partir do Brasil. 

O sutil eclipse foi visível para observadores da Europa Ocidental, África, grande parte da América do Norte, toda a América do Sul e até o oeste da Nova Zelândia. 

Nas Américas, o eclipse foi visível no meio da noite, quando a Lua esteve mais alta no céu, embora isso variasse com a longitude.

Um eclipse penumbral é aquele em que a Lua não atinge a parte mais escura da sombra da Terra, a Umbra; e se você estivesse na Lua, veria a Terra eclipsar apenas parcialmente o Sol. Em vez de ficar completamente escura, como durante alguns eclipses parciais e totais, o nosso satélite natural com este tipo de eclipse parece um pouco mais cinza-amarronzada do que o branco usual. 

Neste caso, ela estava aproximadamente semi-coberta pela penumbra no eclipse máximo. 🌚

Por todo o Brasil vocês puderam ver o eclipse começar às 00h07, horário de Brasília, o máximo do eclipse sendo às 01h29 da manhã e o eclipse terminou às 02h52 do domingo (05/07).

As outras datas dos Eclipses Penumbrais que não foram vistos a partir do Brasil em 2020 foram em 10 de Janeiro, 5 de Junho e 30 de Novembro.


Julho:


O cometa C/2020 F3 (NEOWISE) foi descoberto em março de 2020 pela missão NEOWISE da NASA e deslumbrou os espectadores na Terra, principalmente, em partes do Brasil, sendo no Norte e Nordeste perto da linha do equador, e no hemisfério norte nas semanas que se seguiram. O cometa de gelo se aproximou mais do Sol em 3 de julho e sobreviveu ao encontro, permitindo que os observadores do céu se maravilhassem com sua cauda impressionante enquanto se dirigia de volta ao sistema solar exterior. O cometa NEOWISE não voltará antes de 6.800 anos. 😮

Além de torná-lo mais bonito, o brilho do cometa permitiu aos astrônomos coletar dados de alta qualidade sobre o objeto. Funcionários da NASA disseram que o último cometa a fazer um show tão impressionante foi o Hale-Bopp em 1997.


Setembro:


Em 14 de setembro, uma equipe de astrônomos anunciava que haviam detectado a impressão digital química da fosfina na atmosfera de Vênus. Este composto foi encontrado perto de micróbios na Terra e algumas pessoas argumentaram que poderia ser uma bioassinatura, uma indicação de que talvez alguma forma de vida no alto das nuvens de Vênus fosse capaz de sobreviver ao ambiente extremo do planeta. 

Astrônomos detectaram a assinatura química da fosfina usando o Telescópio James Clerk Maxwell no Havaí e o Atacama Large Millimeter / submillimeter Array (ALMA) no Chile. Os níveis de fosfina detectados deixaram os pesquisadores perplexos porque Vênus, assim como a Terra, tem muitas moléculas com oxigênio, que deveriam destruir a fosfina rapidamente. 

Mesmo num tempo mais tarde com as reanálises que detectaram que tinham muito menos fosfinas encontradas no que foi primeiramente encontradas, ainda existem cientistas que não descartaram á vida em Vênus. Porém, existem os céticos, onde eu me encontro, que têm um certo medo de fazer esta conexão com sinais de vida. Mesmo assim, a descoberta fascinou pessoas em todo o mundo.


Dezembro:


Em 1° de Dezembro, a National Science Foundation (NSF) disse adeus ao icônico Observatório de Arecibo, em Porto Rico, depois que duas grandes falhas de cabos levaram ao colapso do radiotelescópio. A estrutura de 57 anos já foi o maior telescópio de antena de rádio do mundo, e os pesquisadores usaram seus recursos para fazer descobertas significativas na astronomia. O Observatório de Arecibo também serviu de cenário dramático para filmes como "Contato" e "Goldeneye". 

A instalação sofreu duas falhas de cabo neste ano e, no início de dezembro, a plataforma suspensa acima da antena de rádio desabou. 

As notícias sobre os danos estruturais de Arecibo e o subsequente descomissionamento também foram desanimadoras para a comunidade local. As viagens de campo ao centro de visitantes eram um "rito de passagem" para as crianças porto-riquenhas.


Dezembro:


Uma nova "era de ouro" das missões de recuperação de amostras está aqui. 

Em outubro de 2020, a missão OSIRIS-REx da NASA para o asteroide Bennu arrumou com sucesso pedaços da rocha espacial para trazer de volta á Terra. Em 7 de dezembro, amostras do asteroide Ryugu coletadas pela missão Hayabusa-2 da JAXA chegaram aos cientistas japoneses. Uma cápsula com o material rochoso desceu na área de Woomera, na Austrália, em 5 de dezembro, e a espaçonave voltou ao sistema solar em uma missão estendida. A antecessora desta espaçonave, Hayabusa-1, foi a primeira missão a trazer pedaços de um asteroide para a Terra. 

A missão Chang'e 5 da China também realizou histórico um encontro de amostragem, mas, agora foi com a Lua no final de 2020, sendo depois de 44 anos da última amostra trazida para a Terra, em 1976, pela União Soviética. As primeiras amostras lunares que vieram para o nosso planeta foram trazidas pelo programa Apollo da NASA.


Dezembro:


Em 14 de Dezembro, partes do Brasil tiveram um Eclipse Solar Parcial e em partes da Argentina e no Chile, um Eclipse Solar Total.

Este eclipse neste excêntrico ano de 2020 foi visível apenas na Patagônia - apelidada de “o fim do mundo”, porque atinge o fundo do nosso continente sul-americano.

Desde o início dos anos 70, a "perseguição de eclipses" estava em voga, com muitas expedições científicas, passeios e cruzeiros levando um número incontáveis de pessoas para a zona estreita prevista onde um eclipse solar total seria visível, geralmente por não mais do que alguns minutos preciosos. 

Infelizmente, este ano, muitos tiveram essa oportunidade negada devido às restrições de viagem impostas pela pandemia da COVID-19. Alguns astrônomos profissionais lamentaram que foram forçados a perder seu primeiro eclipse total em mais de 30 anos! 😔

No nosso imenso Brasil, tivemos apenas o eclipse solar parcial em algumas áreas, mas, com um equipamento apropriado a visão foi incrível de se ver em partes da região Sul, onde tivemos mais de 50% do Sol encoberto, ou seja, um pouco da luminosidade solar foi visualmente afetada, mas, bem pouco. 

O próximo eclipse solar total ocorrerá em 4 de dezembro de 2021, mas só será visível para uma pequena parte da Antártica. Praticamente poucas pessoas conseguirão vê-lo.


Dezembro:


Vemos que o mês de Dezembro foi ótimo (ou ruim em certos casos) nas notícias e nos grandes eventos astronômicos. O último evento celestial de parar 2020 foi a "grande conjunção" de Saturno e Júpiter em 21 de dezembro, que também foi a data do solstício de verão do hemisfério sul. 

Júpiter e Saturno podiam ser vistos próximos um do outro no céu noturno, logo após o pôr do sol. Eles estavam separados por apenas um décimo de grau. A proximidade entre eles no céu não ocorria há mais de 400 anos. (Agora a próxima grande conjunção desses planetas será em 15 de março de 2080. Anote na agenda! 😁)

As conjunções entre esses dois planetas acontecem uma vez a cada duas décadas, quando a Terra, Júpiter e Saturno formam uma linha reta através do espaço. (Porém, eles não estarão tão juntos como foi em Dezembro e nem será como em 2080). Os espectadores que tiveram a sorte de ter um céu limpo ao observar a conjunção também puderam ver o brilho das luas galileanas de Júpiter.

***

Enfim, este foi a retrospectiva deste ano atípico de 2020. Podemos notar que as notícias foram poucas neste ano e incrivelmente por pura coincidência os fenômenos cósmicos também foram assim. O ano de 2021 deve vir com tudo, com mais notícias e grandes eventos astronômicos, assim esperamos!

Portanto, eu desejo a cada um de vocês, meus queridos e queridas um ótimo ano de 2021, esse será o seu ano, acredite. ✌😉😘

Abraços virtuais, Rafael Lobato (Tsu Universo)

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