Marte
e a Terra são como dois irmãos que se separaram. Houve um tempo em
que havia estranhas semelhança entre os dois: ambos eram quentes, úmidos e envoltos em atmosferas densas, mas há 3 ou 4 bilhões
de anos, seguiram caminhos diferentes.
Imagem
composta da Terra e de Marte criada para permitir perceber melhor os
tamanhos relativos dos dois planetas. Créditos: NASA/JPL-Caltech.
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A sonda InSight (abreviatura de Interior Exploration using Seismic Investigations, Geodesy and Heat Transport) não irá propriamente à procura de vida em Marte, mas estudar o seu interior – de que é feito, como se distribui a matéria em camadas e a quantidade de calor existente – para que os cientistas possam compreender melhor de que modo a composição inicial de um planeta o torna mais ou menos capaz de suportar a vida.
“A Terra e Marte foram formados a partir de materiais muito semelhantes,” disse Bruce Banerdt, principal investigador da InSight no Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, em Pasadena, Califórnia, que lidera a missão.
“Porque se revelam hoje tão diferentes? As nossas medições irão ajudar-nos a voltar atrás no tempo para percebermos o que levou a uma Terra viçosa e a um Marte tão desolado.”
A vida e as placas tectônicas:
(JPL-Caltech/NASA)
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Poderá o aparecimento de vida depender da existência de placas tectônicas?
“Uma das nossas questões-chave em relação à habitabilidade é esta: que condições essenciais precisam de ter os planetas para desenvolverem vida?” disse Sue Smrekar, investigadora da InSight no JPL.
“Percebermos os blocos iniciais de construção de um planeta prepara-nos o terreno para podermos compreender como evoluem com o tempo os processos que afetam o meio.”
A InSight pode ajudar a responder a estas perguntas ao usar um sismógrafo, o SEIS (Seismic Experiment for Interior Structure), para observar como os tremores – que podem ter por origem outros processos que não apenas a ação tectônica – se propagam através de Marte. Analisar a estrutura de camadas do planeta irá ajudar os cientistas a voltar atrás no tempo, e a tentar perceber como se combinaram poeira, metais e gelos no início do Sistema Solar para formar o Planeta Vermelho.
O
vermelho e quente Marte:
(JPL-Caltech/NASA) |
Todos os planetas rochosos retêm no seu interior uma reserva de calor. Uma parte é retida quando o planeta se forma, a restante vem de materiais radioativos que decaem ao longo do tempo. Gradualmente, o calor vai subindo à superfície, derretendo camadas de rocha, quebrando a crosta e criando vulcões que expelem gases voláteis.
O calor é importante por vários motivos. Pode ter criado fontes termais no início da história marciana, aquecendo o subsolo a partir do interior. Pode ter expelido vapor através dos vulcões que depois se condensou em rios e oceanos.
Medindo a temperatura interna de Marte com o instrumento HP3 (Heat Flow and Physical Properties Package), a InSight poderá ajudar a explicar como o calor moldou a superfície do planeta, tornando-a mais ou menos habitável ao longo do tempo.
Um planeta desprotegido:
(JPL-Caltech/NASA) |
O calor mantém o núcleo de um planeta em fusão e a fluir. Os elementos metálicos no núcleo geram correntes elétricas à medida que se movem, produzindo um campo magnético. Esse campo magnético é uma espécie de escudo invisível, protegendo o planeta – e quaisquer formas de vida que nele possam existir – contra a radiação.
Marte já teve um forte campo magnético; muitas das mais antigas áreas da crosta do planeta são altamente magnetizadas. Mas, a maior parte desse campo desapareceu há milhões de anos, deixando Marte desprotegido.
Para que se perceba melhor porque desapareceu o campo magnético de Marte, os cientistas da InSight querem saber mais sobre o núcleo do planeta. O núcleo pode ser sólido, líquido ou uma combinação de ambos afeta a oscilação do planeta no seu eixo – tal como um ovo cru, com gema líquida, a girar tem uma oscilação diferente de um ovo com a gema sólida e mais densa (ovo cozido).
O instrumento de rádio RISE (Rotation and Structure Experiment) irá ajudar os cientistas da InSight a medir a oscilação de Marte. As descobertas que forem realizadas, em combinação com os dados sobre as camadas do planeta e sobre o seu calor, permitirão que se perceba como Marte perdeu o seu campo magnético.
A oscilação de Marte, a atividade tectônica e o fluxo de calor são três estudos que podem ajudar a explicar o que levou dois planetas irmãos (Terra e Marte) a seguirem caminhos diferentes, dos quais apenas um oferece hoje condições propícias para a vida.
“Marte é um laboratório para compreendermos como acontecem todos estes processos na fase inicial de formação de um planeta,” disse Smrekar. “A InSight irá ajudar-nos a melhorar os nossos modelos de formação e evolução planetária.”
Fonte da notícia: JPL
Fonte traduzida: Portal do Astrônomo
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